En cette période de rentrée littéraire et de remise de prix, l’écrivain brésilien Arlindo Gonçalves, contributeur à l’ouvrage collectif Je suis toujours favela et attaché à rendre public son travail, nous offre une chronique sur la Biennale du livre,
la mère de toutes les hontes que connaissent les écrivains anonymes et marginaux.
Son texte perspicace teinté d’ironie est disponible ci-dessous en langue originale. Boa leitura!
Bienal Crônica – Arlindo Gonçalves
« Bienal Crônica », Arlindo Gonçalves
Sempre vou à Bienal do Livro. Até penso em não ir mais. São magros descontos, filas enormes pra pegar o ônibus gratuito, multidões desvairadas, crianças ranhentas pisando nos seus pés, calor demais, comida gordurosa e latinha de cerveja a imorais preços astronômicos. A cada dois anos, penso em desistir. Mas acabo indo. Acho que é alguma compulsão masoquista, sei lá. De tudo de tudo, desde 2004, eu não pago mais a entrada. Isso porque virei escritor. Não pago em dinheiro, mas pago em micos. A eles, então.